A metafísica. Sempre ela a cutucar meus neurônios. Os filósofos gregos compreenderam, até certo ponto, que há uma mecânica no universo. Mas não souberam interpretá-la, ou quiseram explicá-la com o conhecimento da época que, embora, já enorme, não era suficiente para isso. Inventaram, então, que há uma “essência” das coisas. E que é preciso entender essa “essência”, para entender o universo. Abstraíram a natureza ou criaram abstrações para explicá-la. Por exemplo, o amor. É preciso entender a “essência” do amor, chegar à noção de perfeição e de identidade de um ser essencial com outro ser essencial, para se chegar à noção de amor. Ora, a ciência, hoje, ainda engatinhando no conhecimento de regiões obscuras do nosso cérebro, a mais sensacional obra da evolução dos seres, começa a descobrir que todos os nossos sentimentos estão localizados em alguma área de nossas sinapses e dependem, basicamente, de uma química qualquer entre essas sinapses para que eles, os sentimentos, surjam. E o amor nada mais é do uma reação química de nosso cérebro, no reconhecimento do outro, provavelmente com a intenção de procriação e manutenção da espécie. No entanto, como a natureza não faz julgamentos morais, mas experiências, nada mais normal do que experimentar com a afinidade química entre dois indivíduos de mesmo sexo, o que faz nascer o amor homossexual, existente também entre outros animais que não os humanos. Nada há de anormal nisso, apenas uma possibilidade dentre outras que a natureza desenvolve, nos caminhos da evolução, para buscar indivíduos mais ou menos adaptados ao ambiente. Devemos ter em nossa árvore genética genes que indicam nossas opções e preferências sexuais, as quais são transmitidas ao cérebro, que irá apenas processar suas ligações e oferecer ao indivíduo o caminho de suas escolhas. São conhecimentos que começam a surgir a respeito dos sentimentos e das sensações, daquilo que ainda não sabemos explicar, mas que estão todos, esses conhecimentos, escondidos na máquina de processar dados que é o nosso cérebro.
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