quinta-feira, 11 de novembro de 2021

086 - SOMOS EXTREMAMENTE PRIMITIVOS


(Liu Xue) 





Temos que nos conscientizar que nós, humanos do século vinte e um, somos primitivos, extremamente primitivos. Nosso sistema de produção industrial é podre e antiecológico, poluidor e destruidor do ambiente em que vivemos. Nossos sistemas políticos são primários e absurdos, pois ainda confiamos nossas vidas a seres humanos desprezíveis, guerreiros de quinta categoria, bárbaros que ainda pensam resolver os dilemas da humanidade com bombas, sejam elas atômicas ou caseiras. Nossos sistemas sociais são excludentes e obsoletos na sua forma de distribuição das benesses da tecnologia. Enfim, nossa sociedade atual é podre em aprofundar desigualdades, em criar ilhas imensas de excluídos, em não conseguir erradicar a fome, a miséria e as doenças endêmicas do mundo. O que chamamos hoje de civilização é apenas um arremedo da capacidade do ser humano de produzir desgraças e está muito longe do que seja realmente uma civilização. Noções espúrias de raça, de religião, de sistemas políticos antidemocráticos aprofundam diferenças entre os povos, como se o diferente não fosse o elemento mais importante da sobrevivência humana. O ser humano ainda precisará passar por centenas, talvez milhares de guerras de extermínio, de lutas injustas, de perseguições uns aos outros até que consiga compreender que não é esse o caminho; que precisa reciclar todas as absurdas crenças até então desenvolvidas; jogar no lixo todo a metafísica acumulada em milênios de superstições e noções erradas sobre a natureza, para obter finalmente o equilíbrio necessário à construção de uma verdadeira civilização. Que inclui restabelecer o equilíbrio do humano com as forças que tornam nosso planeta um ser vivo e instável, com seus humores, com suas provocações em forma de acidentes naturais, que o ser humano cisma em querer domar ou desafiar. Por isso, não há necessidade de coerência naquilo que escrevo, nisto que insisto em repetir sobre a capacidade dos humanos do futuro em relação a este ser humano de um triste tempo de guerras, extermínios, miséria e doenças.


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