segunda-feira, 8 de novembro de 2021

085 - RIO DA EVOLUÇÃO

(Valquíria Cavalcante)



O ser humano, com todo o seu arcabouço intelectual, mental e fisiológico, gosta de pesar que é o elo supremo. Isso é outra besteira criacionista. Não há elos supremos. Há apenas elos. A corrente da evolução ainda vai surpreender deveras a humanidade. Nossos registros intelectuais são extremamente limitados, na corrente da existência. Se pensarmos que o universo tem como tempo de existência vinte e quatro horas, teríamos que dividir o segundo em milhões de subunidades para captar o instante em que o ser humano começou a se comunicar, depois desenvolveu a linguagem e, finalmente começou a registrar essa linguagem através da escrita. Portanto, nossa verdadeira história ocupa menos que um átimo no rio da vida. Quando, daqui a milênios, puderem os humanos do futuro resgatar o que hoje estamos produzindo em termos de registro, muito possivelmente esse ser humano jogará tudo isso que fizemos até agora num único momento, chamado, talvez, nascimento do registro da comunicação humana, pois estamos, por incrível que isso nos possa parecer, apenas engatinhando nesse processo de comunicação escrita. Seremos considerados tão primitivos quanto consideramos primitivo o homem da caverna e suas pinturas rupestres. Porque o rio da evolução terá caminhado e, se quisermos uma medida do quanto ele caminhou, talvez, numa outra metáfora absurda, possamos imaginar que ele ultrapassou a cachoeira que está ali, a cinquenta metros de onde estamos hoje, num percurso de extensão amazônica. E não acho que esteja exagerando, pelo contrário, ainda estou sendo otimista.


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