quarta-feira, 17 de novembro de 2021

088 - SEXTO SENTIDO


(Javier Arizabalo García)


Descobriu-se que há uma área no cérebro que nos avisa de possíveis situações de perigo à nossa frente, a partir de informações e dados anteriormente vividos ou conhecidos através de várias fontes e armazenados ali de forma inconsciente. A premonição, portanto, nada mais é que uma forma, provavelmente primitiva, de sobrevivência, que pode estar ou não mais ou menos ativada em cada indivíduo. Quando pensamos que temos um “sexto sentido”, abstrato, metafísico ou relacionado às condições da “alma” ou a avisos de além-túmulo, a ciência começa a nos explicar que tudo não passa de artimanhas do cérebro. Tudo o que sentimos, todas as nossas sensações, nossos “estados d’alma” nada mais são do que resultado da análise, na maior parte dos casos inconsciente, de conhecimentos advindos através de nossos órgãos sensoriais para o cérebro, devidamente armazenados e usados para nos proteger, ou proteger a vida. Estamos, nesse ponto, muito mais próximos dos animais do que poderíamos imaginar. Na vida selvagem, os animais necessitam, conforme o ambiente, ter sentidos extremamente aguçados. Um elefante asiático pode, por exemplo, sentir o perigo que vem de um terremoto que está ocorrendo há centenas de quilômetros pelas ondas que se propagam sob a terra até suas patas e avaliar o risco, colocando-o em alerta para fugir. Provavelmente, nós também deveríamos ter esse sentido aguçado. Mas a vida moderna fez que isso se tornasse desnecessário e baixamos nossa guarda. Desenvolvemos, no entanto, muito provavelmente, outras percepções inconscientes, como as situações de perigo resultantes, por exemplo, de um acidente de avião ou de carro. E temos nossas premonições, que ocorrem aleatoriamente nos indivíduos, muito provavelmente resultantes de um histórico de vida ou de conhecimento específico. Por isso, não serão todos os indivíduos que terão a tal premonição, tampouco haverá certeza de que ocorrerão sempre. Mas o importante, nisso tudo, é que a ciência começa a desvendar aspectos até então desconhecidos de uma pretensa “espiritualidade” que não passa do resultado de nossa vivência num mundo que nada tem de metafísico, pelo contrário, é extremamente materialista. E não há perda nesse reconhecimento. O ser humano não deixará de ser menos complexo, em sua capacidade e em seu existir, se não tiver a tal “espiritualidade” ou descobrir que não há “essência” ou “ente” além daquilo que os nossos sentidos e nossas descobertas nos revelam.

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