terça-feira, 23 de novembro de 2021

089 - SEM TRANSCENDENTALISMOS

 

(William-Adolphe Bouguereau:1825-1905)

Não é preciso, para admirar uma obra de arte, que eu busque uma tal “beleza” oculta ou transcendente. Basta que essa obra toque os meus sentidos e me provoque uma sensação de reconhecimento, de harmonia com as forças da natureza e com meus sentidos, para que eu a declare “bela”, sem nenhum sentimento de algo além do que ela é realmente. Não preciso buscar “a” beleza, porque isso é uma categoria abstrata, criada apenas para tentar iludir nossos sentidos e fazer com que não interpretemos corretamente o conhecimento que nos chega através dos sentidos. Ainda há um longo caminho a nossa frente. Não entendemos tudo e talvez tão cedo venhamos a entender. Mas abdicar desse conhecimento em nome da metafísica imbecil, da busca de um “ente” por trás de cada objeto, tem mantido o ser humano nas trevas da ignorância e presa fácil dos prestidigitadores deístas de plantão, ávidos por manter sobre as mentes humanas o poder que conquistaram com suas falácias, a partir de abstrações absurdas de nossos antepassados. Não. O ser humano não precisa de metafísica alguma. Basta existir e gozar o que de belo e harmonioso chega a seus sentidos, vindos, o belo e o harmonioso (sem transcendências), do mundo em que vive. Um mundo de matéria e forças físicas em equilíbrio. Não esquecendo que é mais fácil descobrir as leis que regem o movimento dos planetas e dos astros do que entender o que ocorre dentro de nosso cérebro.


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