Os animais contam com o instinto de sobrevivência e têm noção da dor. Mas não têm consciência da morte. Mesmo na boca do predador, o mais fraco sente e sofre dor. Não sabe, no entanto, que vai morrer. O animal apenas vive e sobrevive. O ser humano é o único animal a ter noção da morte e saber que vai morrer. Talvez nisso encontremos a razão de ser o niilismo uma força arrebatadora, aproveitada por todas as religiões do mundo. Ao explorar o medo da morte, o deísmo capta uma fissura na consciência humana e aproveita-se disso para disseminar ainda mais o terror, sob a desculpa de amenizar as agruras daqueles que vão morrer. Assim, o culto da morte torna-se uma espécie de supra religião. Um corpo morto não adquire nenhum significado no reino animal, a não ser para o ser humano. Desde o início dos tempos, as cerimônias fúnebres sempre tomaram um aspecto de reconhecimento da morte, de temor diante dela e de esperança de que a putrefação não seja o destino final. Acreditar numa possível sobrevivência de uma anima, de um espírito ou seja lá o que for, tornou-se, assim, o meio de escapar da destruição, de driblar a morte. Porque, ao tomar consciência de que vai morrer, o ser humano passa a desejar a eternidade, seja como uma forma primitiva de sobrevivência num pretenso céu ou na integração do criador, seja como formas complexas de ideologias reencarnacionistas. O mito da sobrevivência após a morte talvez seja, depois do deísmo, ou até mesmo em consequência deste, o mito mais poderoso da mente humana. Não há uma só prova de vida após a morte, em toda a história da humanidade. No entanto, todos acreditam tanto nisso, que a frase anterior torna-se tão vazia e inútil como afirmar que não existe deus ou deuses. Provas foram forjadas desde tempos imemoriais e são consideradas verdadeiras até os dias de hoje. Sempre haverá alguém disposto a dar um testemunho qualquer sobre a comunicação com os mortos, apesar de, cientificamente, não haver a mínima prova de que isso tenha ocorrido realmente.
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