domingo, 11 de julho de 2021

044 - GENÉTICA: CIÊNCIA DA ILUMINAÇÃO


(Escultura de  Augustin Pajou - Mercúrio)



Quando olhamos com olhos de ver o conjunto dos seres humanos e, mais ainda, voltando os olhos para o passado, damos conta da barbárie, da estupidez, da ignorância. Parece que a espécie homo sapiens sapiens tem o sapiens apenas no nome pomposo que a ciência (dos homens) lhe atribuiu. Houve sempre, há ainda e haverá por muito tempo, um resquício do bicho que luta por evoluir e sobreviver naquilo que podemos chamar de natureza humana. Não vamos nos livrar de nosso passado tão cedo. Assim como qualquer espécie da natureza, passamos, em nosso processo evolutivo – que não implica necessariamente melhoria – por infinitas experiências que não deram certo. Não sabemos o que realmente funciona ou o que vai dar certo, ou seja, quais são os “dinossauros humanos” que desaparecerão, porque, inclusive, a tecnologia poderá interferir no processo e salvar muitas “espécies” ou adiar seu desaparecimento. Só podemos afirmar, por mais chocante que isso seja, que a natureza produz muito “lixo” humano, tentativas que irão seguir por caminhos espúrios até um ponto em que a “experiência” sofrerá o efeito genético de não ter saída e desaparecer. Não se trata de raças, embora o sistema que denominamos racial também seja experimental, em termos de evolução, mas de capacidade de adaptação e de transformação para algo que torne mais resistente a espécie humana. Sem dúvida que as condições ambientais, que sofrem a interferência humana, como a melhoria de condições de vida, de alimentação e de higiene, fazem que muitos indivíduos que não teriam melhor sorte em ambientes hostis consigam sobreviver e se reproduzir, mas a tendência natural de aperfeiçoamento genético não permitirá que seus descendentes ganhem uma linha do tempo que chegue a interferir na evolução. Também a miscigenação humana tenderá a nivelar certas características, e teremos, em alguns milhões de anos, uma única espécie humana, que superará o conceito racial, produto dos melhores genes de cada uma daquilo que atualmente chamamos raças. Teorias racistas e práticas discriminatórias nesse campo só agem para retardar um processo que se mostra como um fenômeno impossível de ser detido. Além de não ter base em qualquer princípio ético ou filosófico ou, mesmo, genético. Porque, da mistura, é que nascerá um novo ser humano, mais forte e mais capaz de sobreviver aos desafios da conquista do universo. Todas as ciências são úteis à humanidade e devem seguir seu curso, para buscar, embora às vezes por caminhos tortos, uma melhor condição de vida na Terra ou em outros planetas. No entanto, a genética é aquela que melhor servirá para aclarar os caminhos do ser humano, iluminando aspectos desconhecidos de sua origem e de sua capacidade de resolver problemas que as demais ciências só abordam sob o aspecto tecnológico. A genética terá a capacidade de dar ser humano a sua verdadeira grandeza, pois a sua evolução não deixará dúvidas quanto ao absurdo do criacionismo e do deísmo, permitindo que a humanidade se liberte da metafísica e do niilismo pessimista. Isso não será fácil, no entanto. Porque há crenças tão enraizadas no cérebro humano, que sua destruição levará muitos e muitos séculos de um processo penoso de educação e convencimento. Ainda teremos muitas trevas, antes que o ser humano atinja a capacidade de compreender sua origem e aceitá-la. O século XXI terá avanços consideráveis na engenharia genética, mas terá também muita resistência ao encaminhamento da questão ética que envolve o conhecimento dos genes e sua manipulação. Precisaremos de várias gerações de humanos denodados e suficientemente esclarecidos para abrir, literalmente, a cabeça retrógrada de líderes religiosos e pseudofilósofos de doutrinas obscurantistas, que acusarão, não a Nietzsche, mas aos cientistas de matar um deus que já devia estar morto há muito tempo na memória da humanidade.


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