terça-feira, 21 de junho de 2022

155 - UM BASTA AO DEÍSMO

 

(Clovis Trouille, La profanation, la belle torchie, c. 1945)



Quando a vingança deísta se torna a única saída para a solução dos problemas de segurança do mundo (estou-me referindo ao assassínio do líder terrorista Osama Bin Laden, por forças estadunidenses, em maio de 2011); quando milhões de pessoas se reúnem numa praça do Vaticano para aplaudir a beatificação de um papa, ajudando a concretizar o marketing mentiroso da igreja católica romana de que basta um decreto para que as forças do reino de um deus idiota se movam, para elevar à condição de santo uma “alma” que devia estar em algum lugar do tal “reino dos céus” (refiro-me à beatificação de João XXIII, em maio de 2011); quando o idiota de um presidente sul-americano diz que a morte do terrorista é um milagre do papa recém-beatificado (refiro-me ao presidente equatoriano); quando, enfim, milhões e milhões de pessoas gastam tempo, dinheiro e vidas humanas para esperar milagres de santos, de virgens, ao construir templos caríssimos, para louvar e adorar a esses mesmos santos, virgens e deuses, mantendo com seu suado dinheirinho castas de sacerdotes (e eu estou generalizando com a palavra “sacerdotes” todos os assalariados do deísmo, desde simples acólitos até papas, aiatolás, budas e outras bobagens idealizadas pela estúpida criatividade deísta); quando tudo isso acontece como sendo um fato absurdamente normal num mundo em que nada, absolutamente nada, de sobrenatural acontece, é chegado o momento de dar um basta ao deísmo estúpido e esmagador. Ou o Homem (com h maiúsculo, o Homem de Nietzsche) que há de nascer de toda essa barbárie acaba de vez com o deísmo ou o deísmo vai destruir a humanidade. A criatura – deus, ou os deuses (que, sob a mentira do deus único, escondem-se mil outros deuses mentirosos) – está a um passo de destruir seu criador, o Homem, pois o ser humano que se diz sapiens é apenas um joguete nas mãos da metafísica estupidificadora e deletéria da própria condição humana. O ser humano só será realmente Homem, quando destruir em sua mente a ideia de deus. Quando deixar de pensar metafisicamente. Quando acreditar que a Natureza e somente a Natureza é soberana e que entender suas leis é condição única de sobrevivência. Destruir os templos e altares – dentro da mente do Homem – pode ser tarefa para milhares de anos, e só espero que, quando isso acontecer, não seja tarde demais. O que eu sei é que é preciso não ter mais condescendência com o deísmo.

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