quarta-feira, 15 de junho de 2022

153 - O ASSASSÍNIO COMO ATO SUPREMO DE BARBÁRIE


 (Henry Fuseli - Lady Macbeth)


Se não houver mais nenhuma arma no mundo, os seres humanos se matarão com as próprias mãos. Pode esse aforismo até ser verdadeiro: o instinto assassino do ser humano sobreviverá à destruição das armas e à conquista definitiva da paz pela humanidade. No entanto, ao matar com as próprias mãos, o assassino deverá demonstrar o total desprezo pela vida, na forma do mais abjeto ato de coragem: a coragem de admitir para si mesmo a sua covardia extrema. Pois somente um ser humano que despreze a sua própria existência admitirá eliminar a existência de outro ser humano. E isso, o desprezo da vida, é um ato de coragem, enquanto tirar a vida de outro é um ato de covardia extrema. Superar esse instinto animal, o instinto de aniquilação como redenção, como pregam as religiões deístas, deverá consumir milhares de anos de evolução da raça humana. Mas será um acontecimento fundamental para que a vida adquira o valor supremo a substituir o perverso culto à morte que tem acompanhado a história humana, com suas batalhas torpes, seus assassinatos cruéis e seus suicídios covardes.

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