domingo, 12 de junho de 2022

152 - DEÍSMO É APENAS MITO

 


(Carlos Barahona Possollo)


O ateísmo é a condição natural do ser humano. Pensar em um deus é exercício artificial sobre a incompreensão do mundo. A humanidade não precisa de deus. Principalmente desse deus dito único e absoluto. O deísmo, praga do pensamento, torna-se mais cruel quando se transforma em monoteísmo. O monoteísmo consagra a estupidez do pensamento humano sobre a ignorância ou a incapacidade de entender a natureza. Pensar em um deus que cria o mundo e todas as coisas que há nele é confessar a inutilidade do próprio raciocínio e da lógica. Se somos dotados da capacidade lógica, a crença criacionista e monoteísta invalida totalmente essa capacidade, torna-a nula e absurda. Porque crer em um deus é confessar a si mesmo a crença na mais absurda mentira já inventada pela mente humana. E, no entanto, em cima dessa mentira, construiu o ser humano o mais alucinante sistema de mentiras jamais imaginado. Justificar deus tornou-se um exercício da mais pura e louca fantasia, travestida de exercício lógico. Não pode o ser humano continuar a conviver com tal estupidez e sobreviver a ela. Há que destruir no âmago da inteligência humana esse mito mais do que deletério, um mito que impede o ser humano de ver a si mesmo como um elo fundamental do sistema evolutivo, um elo da vida que flui da matéria primitiva para a conquista de universos inimagináveis. A responsabilidade do ser humano diante do universo não pode ser transferida para um mito impeditivo da compreensão da natureza. Extirpar a crença em um deus criador torna-se, assim, um passo importante na evolução do pensamento lógico da humanidade, um degrau na sua caminhada rumo a destinos que só ela mesma pode definir, sem interferência de forças transcendentais que nunca contribuíram para um único momento de evolução humana. Criar mitos sempre foi uma necessidade diante do desconhecido. Um mito é sempre uma mentira que nos permite vislumbrar a verdade. No entanto, o mito de um deus criador, único, destrói o próprio conceito de mito, por não conter em si nenhuma verdade de que o ser humano possa lançar mão na sua trajetória de vida. Não se pode ter nenhuma contemplação com esse mito: ou o destruímos para sempre, ou continuamos escravos de invenções e convenções estúpidas e impeditivas do verdadeiro progresso do pensamento humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

187 - PALAVRA FINAL: O ALÉM DO HOMEM

  (Vincent van Gogh) Tenho plena consciência de que tudo quanto eu escrevi até agora constitui um rio caudaloso, uma pororoca, sobre a qual ...