sábado, 26 de junho de 2021

O29 - A IGREJA DIANTE DO SER HUMANO

 

(Georg Emanuel  Opitz)


O deísmo é uma doutrina contra a vida. Ao entulhar a imaginação do ser humano com histórias de outras vidas, outras dimensões, o deísmo torna-se antinatural em si mesmo e condena a humanidade a privilegiar uma pretensa outra vida ou, até mesmo, a reencarnação, e desprezar o bem mais precioso que ela tem. E o cristianismo, fruto podre do deísmo ancestral, tende a ser a doutrina que legitima absurdos como instituições religiosas interferirem em todos os setores da vida humana. A igreja, com todo o seu passado torpe e negro, tem a desfaçatez de, através de papas trêfegos e imbecilizados pela doutrina, querer ser a moral do mundo. Vive ditando regras, não só a seus seguidores, mas a todos, como se fosse dona da verdade. No mundo atual, quando há desafios imensos, como a luta contra doenças transmissíveis por vírus quase imbatíveis (a Aids), uma declaração do papa contra o uso de preservativos coloca em risco a vida de milhões de pessoas. E a esse papa não se pedem contas de suas assertivas criminosas. Aliás, o moralismo canhestro, muito além do próprio moralismo, que já é uma praga, constitui um dos aspectos mais cruéis da face aberta da igreja católica. Prega-o em templos, praças públicas e meios de comunicação, intoxicando a mente das pessoas com conceitos de intolerância e exclusão escondidos em belas e vazias palavras, como fé, esperança e caridade, os três pilares da igreja, sobre os quais se assentam todas as falsas promessas de salvação disfarçadas em atemorização. Para convencer os mais titubeantes, acena com o fogo do inferno e com outros castigos atrozes, proferidos pelo deus que ela defende, um deus sempre pronto a brandir a maça de guerra contra os seus detratores. A vida humana fica, assim, em plano ínfimo diante do poder desse deus. Não há saída para o ser humano, dentro do deísmo.


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