domingo, 27 de junho de 2021

030 - A TRAJETÓRIA DA IGREJA

 

(Garrote da santa inquisição)
 


O lado obscuro da igreja, sua face oculta, perde-se nas dobras da história. Desde o seu início, com o esperto Paulo de Tarso, até os dias de hoje, há muito de perseguição e dor na trajetória dos papas e padres e santos que construíram durante séculos um edifício rígido de conceitos e doutrinas que escondem um poderio econômico que, embora fragilizado, hoje, pelas grandes potências, ainda mantém dispersas por inúmeras nações propriedades e riquezas consideráveis. Não é necessário citar os primeiros anos do cristianismo, quando, de crença perseguida pelos romanos, passou a religião oficial do império e, por conseguinte, a uma tenaz perseguidora de seus inimigos, nem os tempos nefandos da inquisição, quando queimar um judeu rico, para tomar suas posses, ou uma bruxa, para servir de exemplo, mantinha o terror permanente nas cidades e aldeias e era a forma de controle das mentes e corações contra qualquer possibilidade de insurreição à sua ditadura. Mesmo a grande cisão promovida por Lutero e seus seguidores, no fundo, terá sido uma farsa, pois consistia apenas em opor-se a aspectos formais e políticos de controle e não uma verdadeira revolução que contivesse o germe da descontaminação da mente humana contra os conceitos básicos do cristianismo. Serviu para criar opções de obediência ao mesmo deus, não para libertar ser humano desse deus. Foi a porteira por onde entraram, depois, principalmente no século XX, todos os espertalhões que se propuseram a enriquecer à custa da ignorância humana, fundando e disseminando dezenas de seitas e igrejinhas caça-níqueis que se escondem sob as leis de não perseguição religiosa dos inúmeros países onde se instalam. São uma praga que precisa ser combatida como se combate a erva daninha nas plantações. No entanto, elevar a voz contra essas seitas e igrejas é comprar confusão legal, graças ao poder político que elas adquirem, espertamente, para se protegerem. Aos pastores dessas igrejas e seitas tudo é permitido. Podem dizer as besteiras que quiserem, podem envenenar o pensamento das pessoas com suas afirmações destituídas de qualquer fundamento lógico, podem amedrontar fiéis e não fiéis com a existência de demônios e com o fogo do inferno, para tirar mais e mais dinheiro de quem, às vezes, não tem o que comer, mas não podem ser processados e presos por enganar a fé pública, por crime contra a economia popular. Alcançam prestígio social e político e, assim, permanecem inatingíveis por uma legislação conivente com esse tipo de falcatrua. Repetem, de forma mais sutil, os mesmos métodos usados pela igreja em seus primeiros tempos, para arrebanhar infiéis que idiotizam com pregações que são verdadeiras lavagens mentais, em templos imensos erguidos com dinheiro tomado à força de persuasão e muita promessa impossível de cumprir, como a igreja vendia outrora as suas indulgências e o perdão dos pecados cometidos pelos homens, de preferência os mais ricos. Por isso, pregam essas seitas, exatamente como a igreja, a força dos pobres, dos humildes, como uma forma de convencimento a que os ricos doem parte de sua fortuna e os que têm tão pouco também doem tudo o que têm. Somente os pobres entrarão no reino de deus, mas os ricos são sempre bem-vindos aos cofres desses pastores, para enchê-los cada vez mais.


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