Para tocar corações e mentes, repito, o marketing do cristianismo inventou mil superstições. E uma das mais poderosas e perigosas, pelas consequências que ela trouxe, foi o mito mariano. Maria, a mãe do fundador, concebeu um filho por obra e graça de um espírito, o espírito santo, permanecendo virgem, mesmo que as poucas evidências sobre a sua existência deixem claro, até mesmo nos documentos dos próprios cristãos, que ela deve ter tido outros filhos. No entanto, a virgindade da mãe do fundador tornou-se um mito poderoso. Através dele, a igreja romana atingiu diretamente a condição da mulher e tornou-se uma das organizações mais machistas da história. Sendo virgem a mãe do deus, a igreja condena o sexo por ser o pecado primordial, segundo o relato criacionista da bíblia judaica, e exorta a que a mulher se redima através da pureza. Ou seja, a mulher é vista como a responsável pela perdição do homem, mas como o homem nasce da mulher, o deus fundador só podia nascer de uma mulher pura, uma virgem. O culto mariano sofisticou-se através do tempo e tornou-se um dos ramos mais conservadores da igreja romana. Graças a ele, até hoje é vedada a participação da mulher na hierarquia da igreja e são poucos os cultos a que ela pode dar alguma contribuição efetiva. A perseguição à mulher impura, responsável por todos os pecados do homem, teve reflexos na trajetória da mulher ocidental que, até hoje, luta por direitos iguais aos do homem, numa luta contra o obscurantismo absurdo que levou a queimarem bruxas no passado e a condenar qualquer manifestação de liberação ou de rebeldia das mulheres. Só por esse crime, já merecia condenação a existência de uma organização tão poderosa, influente e perniciosa como a igreja romana, herdeira direta da seita cristã dos primeiros tempos. Mas não ficou nisso, o estrago feito por essa organização na mente e na história humana. Muitos outros mitos e inúmeras outras superstições povoam a trajetória da igreja e condenam milhares de seres humanos ao obscurantismo de crenças absurdas e rituais ainda mais cruéis, como a autoflagelação, a penitência, a venda de indulgências, o temor ao demônio, as procissões de adoração a santos e anjos, a confecção e o comércio de relíquias, a instituição dos sacramentos (batizado, crisma, casamento etc.), o pretenso celibato do clero, o fortalecimento do papado, a cobrança de dízimos e muitas, muitas outras barbaridades que têm mantido essa instituição e dado a ela poder sobre uma quantidade imensa de fiéis em todos os países e, até mesmo, influenciado governos de estados soberanos e laicos a agirem de acordo com seus interesses.
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