quarta-feira, 9 de junho de 2021

013 - UMA USINA DE SUPERSTIÇÕES: O CRISTIANISMO

 

(Bernini - o êxtase de santa Teresa)


O cristianismo tem sido, ao longo do tempo, uma das maiores usinas de superstições já criadas pelo homem. Milhares de idiotices se espalharam pelo mundo e passaram a fazer parte do dia a dia humano. Absurdos sem a menor base lógica tratados como verdades absolutas e repetidos à exaustão por um povo idiotizado, sem que tenha a mínima possibilidade de pensar no motivo por que repete a mesma ladainha e o mesmo gesto ou por que é obrigado a fazer determinada coisa ou pensar isso e aquilo e seguir sempre as mesmas ordens idiotas de padres, pastores, ou que nome se outorgam os pregadores da fé, ou usar tal ou qual vestimenta dessa ou daquela cor ou ser proibido de fazer aquilo que todos fazem ou de sonhar o que a maioria sonha. Torna-se, com isso, o cristianismo um dos maiores entraves ao progresso intelectual da humanidade, uma religião de fracos, de escravos, como diz Nietzsche, mas também uma religião de homens e mulheres arrogantes e prepotentes até mesmo quando pregam a humildade e o amor ao próximo. Gente que prega o amor, mas não aprendeu a respeitar o próximo. Porque, se o próximo não comunga as mesmas ideias, é ou digno de dó ou digno do fogo do inferno.

Se já havia inúmeras superstições antes da era cristã, torna-se, no entanto, o cristianismo pródigo em inventar absurdidades. Desde a origem do seu criador, um homem-deus gerado por uma virgem, vigiado em seu nascimento por um cometa, adorado por reis que ninguém conhece ou de que jamais ouviu falar, o cristianismo criou, desenvolveu e instalou na mente das pessoas inúmeros contos de carochinha, superstições e mentiras deliberadamente elaboradas para atrair e enganar os incautos. Ao longo dos primeiros séculos, o acúmulo de falsas informações sobre o seu criador, cuja existência não está provada historicamente, os seguidores de Paulo de Tarso, um soldado romano convertido, esmeraram-se na divulgação de documentos apócrifos e evangelhos com a vida e os milagres de um homem que teria dado a vida pela humanidade. A partir daí, o fanatismo fez o resto. Mesmo a intensa perseguição movida pelo Império Romano foi transformada num marketing poderoso, talvez o mais inteligente e agressivo da história da humanidade. Mártires foram elevados à categoria de santos. Hermeneutas traduziam em palavras de mais fácil entendimento da turba ignorante os ensinamentos dos “mestres”. Pregadores aumentavam os pretensos milagres e criavam outros. A esperança tinha um nome: o céu. Para onde deveriam ir ter todos os humildes. Era, pois, a seita que melhor soube administrar o forte apelo de uma mensagem de esperança, ainda que falsa esperança: a de que o rico e o poderoso não conseguiriam entrar no reino de seu deus. Mas só a ideia de céu não era suficiente. Era preciso criar um oponente não só à ideia de paraíso, mas também ao criador do céu e da terra. Ressuscitaram, então, todos os demônios e o inferno, para ameaçar os que se mostravam relutantes. Quem se arriscaria a perder a alma imortal nas chamas de tão poderoso inimigo? E a igreja romana começou a organizar-se, com uma estrutura piramidal copiada das legiões romanas, com inúmeros cargos e divisões até o comando central constituído por um papa, general supremo, senhor de todas as almas, com qualidades que o tempo se encarregou de incrementar, como a infalibilidade, por exemplo.


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