sábado, 30 de julho de 2022

168 - ATEÍSMO NÃO É FILOSOFIA

 

(Raphaelle Peale -Venus Rising from the Sea - ca. 1822)


Pode-se perguntar: o que colocar no lugar do deísmo? Nada. Não se coloca nada no lugar do deísmo. Quando se deixa de acreditar em deuses, não existe nenhuma outra crença ou filosofia para se colocar no lugar. Porque o ateísmo não é uma filosofia, é apenas um conceito antideus, anticriacionismo. O ateu não é um filósofo, é apenas alguém que não acredita nas bobagens deístas e criacionistas. Nada mais. Por isso, não há pregação pelo ateísmo, não há e não pode haver sociedades ateias ou templos e quaisquer outras besteiras desse tipo. Um ateu não sai por aí a pregar o ateísmo, porque não há o que pregar, o que defender. A crença em deuses é somente uma crença e nada mais. Ou seja: depende daquele ingrediente imponderável, inatingível e indiscutível chamado fé, a criação mais emblemática do deísmo. Acreditar em deus é um ato de fé. O problema é que esse ato de fé se transformou em religião, em filosofias, em metafísicas absurdas e excludentes. Por isso, o crente é um ser absurdo. Combater essa estupidez, sim, é um dever do ateu e de todos os que pensam um pouco além da estupidez humana em sua busca insana por eternidade, por mistérios e por milagres. Mas não há elementos de troca. O ateu não tem nada a oferecer ao crente para substituir sua fé, apenas a liberdade. Liberdade de pensar e buscar a sua própria Weltanschaaung, seu próprio ideário e seu próprio sistema ético.

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