sexta-feira, 15 de julho de 2022

163 - DUAS PRAGAS DA HUMANIDADE: METAFÍSICA E RELIGIÃO

 

(Paul Bond - Sacred-Contract-1)

A metafísica afastou o ser humano da realidade. A religião embruteceu-o. Não há como saber o que veio primeiro: se a metafísica ou a religião. Mas são dois sistemas de pensamento que obscureceram a mente humana para a realidade, para a verdade. Suas metodologias enganosas, baseadas em sentimentos e emoções, na ideia de que é preciso crer cegamente numa suprarrealidade divina ou anti-humana, desviaram o pensamento humano para aquilo que realmente importa em sua passagem pela Terra: a melhor forma de adaptar-se à natureza e a uns com os outros. Não se pode ter nenhuma complacência nem com a metafísica nem com a religião: são sistemas mórbidos, que pregam a desumanização do ser humano, sua entrega a um deus ou a uma impossível vida além da vida como solução para problemas mentais, emocionais ou, até mesmo, físicos, num processo enganoso de falsos milagres, aprofundando, com isso, a miséria humana, com o sentimento de culpa e idéia da redenção, o que torna desculpável todo e qualquer crime contra o próprio ser humano e contra a natureza. O pensamento religioso pode parecer uma espécie de bálsamo para momentos de dor profunda, mas é apenas uma fuga, um meio de enganar a dor por algum tempo, o que exige que o ser humano desvalido passe a gastar cada vez mais as suas energias na adulação da divindade em busca da cura, amortecendo-o para outras atividades mais lúcidas. O ser humano não precisa da metafísica e da religião. Sua destruição, se fosse isso possível, embora desejável, não causaria mais prejuízo do que tem sido a sua existência para a humanidade. Eles, os religiosos de todos os credos, os defensores da metafísica estupidificadora, nunca tiveram sentimento de humanidade, apesar de todos as falsas juras de amor, de paz e outras falácias que prometem. No fundo, o que resta de qualquer religião é o sentimento egoísta do lucro de seus dirigentes, a hipocrisia que vende qualquer produto, desde que bem embalado em invólucros de falsas promessas. Trocaria a vida de milhares de seres ditos santos por qualquer outro ser que tenha uma vida ética e não tenha tentado enganar as pessoas com pretensas visões místicas ou estúpidos milagres de prestidigitação. Não vale a vida desses pseudo-heróis o mal que eles causaram ao desenvolvimento intelectual da humanidade. Sua estupidez atravancou de lixo o caminho do pensamento científico e racional, com a imposição de idéias absurdas e preconceitos infelizes. O ser humano, quanto mais religioso, mais egoísta: acha que todos devem compartilhar do mesmo estado de estupidificação mística em que ele se encontra e se arvora missionário de uma causa idiota, a tentar convencer com argumentos falaciosos e ilusões criadas em suas mentes doentias a uma humanidade incrivelmente crédula e ignorante, certa de que presenciou milagres ou é capaz de fazê-los. O culto a imagens e objetos e a transferência para eles de poderes mágicos torna o religioso um ser desprezível em termos intelectuais, digno, no entanto, de total compaixão por parte de quem tenha um mínimo de senso crítico. Sob o manto da liberdade religiosa e de pensamento, esconde-se um mundo tão imensamente fantástico de falsificação, de empulhação e de extorsão, que se pode dizer que a religião se tornou o mais festejado e promissor negócio da Terra, movimentando cifras muito maiores do que o próprio sistema capitalista é capaz de fazer girar, o que torna a religião uma praga impossível de ser combatida e erradicada. Qualquer tentativa de impedir que seitas se organizem como quadrilhas para roubar o povo esbarra na gritaria inconsequente dos que defendem seus negócios com o argumento de liberdade religiosa, como se se pudesse dar liberdade à erva daninha para destruir as plantações. Por isso, não acredito na erradicação do pensamento religioso, essa praga arraigada na memória humana, de forma radical, nem em curto nem em longuíssimo prazo. Mas acredito que um processo educacional com menos influência das estúpidas teorias criacionistas e acrescido do desenvolvimento do pensamento científico possa diminuir pouco a pouco a intolerância, a estupidez e a ignorância que se escondem por trás de todo pensamento metafísico ou religioso.

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