quarta-feira, 30 de março de 2022

130 - PARA UMA CIVILIZAÇÃO SEM BARBÁRIE

 

(Foto da internet, sem indicação de autoria)


A sociedade ideal só pode ser alcançada quando o ser humano abandonar a barbárie, as crenças espúrias e a concepção criacionista do mundo. Quando o bom senso, travestido de ciência provada e comprovada, tiver chegado à maioria dos humanos. E o começo de uma sociedade ideal só será obtido com muito esforço e muito tempo de amadurecimento, com a priorização à educação, ao conhecimento. Ainda há muitos povos primitivos na Terra. O salto para uma melhor qualidade de vida passa, necessariamente, pelo abandono, talvez, de culturas ligadas à ideia criacionista de preservação a qualquer custo de comunidades inteiras na base da pirâmide social, vivendo como bichos, matando e matando-se em nome de tradições bizarras. Hoje eu vejo com mais clareza o que foi feito com culturas primitivas ou diferentes, nas regiões conquistadas tardiamente pelos europeus: América, África, Oceania etc. A destruição foi a marca registrada, em nome de princípios altamente refratários a qualquer aceitação do diferente. O genocídio das populações indígenas de todas as Américas comprova que a denominada civilização cristã não tem absolutamente nada de civilização, pelo contrário, onde se instala, o terror, a morte e a destruição também se instalam. Os sobreviventes desse massacre tendem a ser confinados em guetos chamados reservas, mas não sei se essa política é a mais correta. Se não concordo com a ideia de raça, também não posso compartilhar com a ideologia segregacionista de populações indígenas, em nome da preservação de uma tradição absolutamente atrasada e bárbara em muitos de seus aspectos. Se é para preservar e conservar, que os índios de várias regiões do Brasil, por exemplo, pudessem manter seus rituais antropofágicos, pois isso pertencia à sua cultura. Por que esse aspecto, embora tenebroso para a visão dos cristãos que comem o seu deus em rituais parecidos, deve ser banido e outros, menos tenebrosos devem permanecer, enquanto as tribos se esvaem em reservas que conservam os mesmos costumes de mais de quinhentos anos e, em troca, são mantidos no mesmo estado primitivo de quando aqui chegaram os primeiros conquistadores, sem direito às regalias da sociedade mais avançada tecnologicamente? Que eles tenham o direito de participar, por livre escolha, das conquistas civilizacionais, como escola, medicina, comunicações etc. Por que mantê-los como animais num zoológico, para estudo de meia dúzia de antropólogos metidos a besta, a escrever teses em seus gabinetes refrigerados? A cultura desses povos pode ser preservada, sim, em museus, em livros, em estudos, como uma contribuição para a história da humanidade, mas não lhes permitir evoluir e obter os mesmos conhecimentos e a mesma tecnologia avançada das demais populações do globo, a mim me parece um tipo de exclusão que não condiz com o grau de avanço de nossa civilização. É negar-lhes o passo decisivo para uma melhor qualidade de vida. Além disso, as culturas devem se unir, se misturar, numa miscigenação total e absoluta, que resulte num tipo de humanidade em que as diferenças sejam cada vez menores. E isto também é construir uma civilização. Uma civilização sem barbárie, em que não haja qualquer tipo de segregação baseada em cor da pele ou tipo físico. Ou em diferença de usos e costumes.

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