Por que os partidos políticos se constituem num elemento pernicioso à representação popular? Porque se fecham em si mesmos, construindo barreiras à livre manifestação das ideias, em primeiro lugar. Dentro do partido político, a tendência é a homogeneização da ideologia: a corrente majoritária impõe as suas convicções e, de certa forma, expulsa todos os que se lhe opõem. Os expulsos, por sua vez, tendem a buscar um outro partido que os acolha ou, na maioria das vezes, fundam um novo partido, em que o mesmo fenômeno volta a acontecer. Portanto, não há possibilidade de debate de ideias dentro de um partido político. Ou o indivíduo se enquadra ideologicamente, ou é esmagado pela máquina partidária. E a uniformização leva a lideranças mágicas, isto é, facilita o surgimento de líderes carismáticos e populistas, cuja única preocupação é ampliar sua base de apoio para atingir o poder. Para isso, precisa bajular e ser bajulado, numa troca de favores explícitos e implícitos, de apoios confusos e pouco éticos, construindo não mais um sistema apenas ideológico, mas profundamente prático de alianças espúrias e de aliciamentos financeiros numa teia autofágica de promessas e compromissos que fogem ao escopo inicial de sua ideologia e ganham vida própria, constituindo-se num impasse à capacidade de governo desse líder, o que o leva a barganhar favores em troca de apoio e, obtido o apoio, a usá-lo para perpetuar-se no poder como única forma de pagar o apoio recebido, tão altas se tornam depois as cobranças. Assim, a corrupção, os negócios espúrios e a divisão do bolo tornam a administração um sistema meramente arrecadador de recursos para sua autopreservação, subordinando o interesse público às necessidades e objetivos dos financiadores do sistema. E um estado corrupto é a antítese de qualquer democracia ou sistema democrático.
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