sexta-feira, 15 de outubro de 2021

077 - AS GRANDES INVENÇÕES DA HUMANIDADE

(Escultura de António Canova - as três graças)


As grandes invenções da humanidade: a linguagem, as artes, a ciência, a tecnologia, a filosofia, as festas e os jogos. A linguagem é, com certeza, a invenção máxima do ser humano, por ter proporcionado a transmissão de um saber de um indivíduo para outro (linguagem oral) e, suprema capacidade, de uma geração a outras (linguagem escrita). Por artes, entendem-se a literatura e a poesia, a escultura, a música, a dança, o teatro (dramaturgia), a pintura (artes plásticas em geral). A ciência tem em seu fantástico escopo tirar os humanos da ignorância e fazê-lo compreender e domar as forças da natureza. A tecnologia permite ao ser humano criar meios fantásticos de sobrevivência e de elevação, desde a invenção das primeiras ferramentas rudimentares até a invenção do computador e de outras máquinas. A filosofia pode ser, ao mesmo tempo, a diferenciação entre o entendimento do mundo e a ignorância completa do destino do ser humano. Faca de dois gumes, pode iluminar os caminhos do ser humano ou jogá-lo na ignorância através da metafísica. As festas elevam o moral, traduzem sentimentos, alegram a mente e fazem dos humanos seres mais cordiais. Já os jogos despertam a inteligência e aprimoram o físico. Com essas invenções, o ser humano se distingue no processo evolutivo e ganha capacidade para entender o universo onde vive. No entanto, o uso dessas capacidades tem-se revelado restrita a poucos seres, num processo seletivo bastante perverso, por causa de forças poderosas como o desejo de domínio, de poder, de alguns humanos sobre outros. A escravidão ainda não foi abolida do convívio humano. E não falo apenas da escravidão da força braçal, do trabalhador, mas da escravidão intelectual de forças retrógradas sobre o verdadeiro progresso humano. Os que dominam, os governantes, são em geral não os mais sábios, mas os mais conservadores em termos de pensamento, os mais ignorantes em termos de conhecimento, os mais retrógrados em termos de comportamento. A falta de escrúpulos que os leva a mentir, a tergiversar, a retorcer a realidade segundo seus propósitos torna-os poderosos manipuladores que impedem que forças progressistas assumam o controle e decretem a verdadeira liberdade do ser humano. Os que verdadeiramente possuem um amplo entendimento da vida, do universo e das forças que os conduzem tornam-se marginais ou perseguidos pelos estúpidos e ignorantes seguidores de cultos e religiões obtusas, de crenças absurdas e, faltos de uma verdadeira visão de futuro, obliteram o progresso com suas crendices passadistas. Quando vemos o criacionismo deísta tomar vulto, em pleno século vinte e um, numa nação como os Estados Unidos da América, só podemos interpretar tal fato como o início de um novo período de retrocesso, como outros tantos já havidos na história da humanidade. No Brasil, a obtusidade de um homem, no caso Jair Bolsonaro, presidente dessa nação, só pode trazer desespero a quem interpreta o mundo com olhos um pouco mais abertos. Não é preciso ser gênio para perceber em que enrascada se mete o destino de um povo, quando se dá a esse indivíduo a batuta que faz mover as forças mais retrógradas e conservadoras e jogá-lo nas trevas do deísmo fundamentalista e negacionista mais perigoso e nojento que já se inventou. São momentos como esse, da nossa história, que fazem com que surjam pensamentos mais brilhantes para não deixar morrer o ideal de um mundo menos opaco, menos obtuso e mais voltado aos verdadeiros interesses da civilização. Quando se estagna o processo cultural e educacional de um povo, com a retomada metafísica de forças conservadoras, o homem de ciência, o artista, o visionário e os cérebros mais privilegiados precisam recolher-se por algum tempo, tomar fôlego e voltar ao difícil caminho da tentativa de consolidação de ideais de conhecimento, de respeito à vida e à natureza, de construção de um futuro baseado em premissas mais sólidas que a metafísica e o deísmo estúpidos e estupidificadores. Não é uma tarefa fácil, mas a humanidade sempre sobrevive às catástrofes da existência de homens como Carlos Magno, Napoleão, Hitler e tantos e tantos outros que ousam colocar acima de quaisquer elementos racionais seus desejos de conquista através do sangue derramado em batalhas estúpidas. O atual presidente passará como todos os outros passaram. E virão muitos ainda, no futuro, até que a razão se implante definitivamente na mente do povo. E que as grandes invenções adquiridas através dos tempos se tornem verdadeiramente o farol e a alegria de uma nova humanidade, mais justa e mais capacitada para desenvolver um projeto de futuro em que as regras de convivência permitam pensar que a humanidade poderá, enfim, ter chegado a um ponto de sonhar com sua sobrevivência no universo.

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